A pressa norte-americana na retirado do Afeganistão tem em parte o medo de ataques terroristas. Em um pronunciamento nesta terça-feira (24), Biden afirmou que a ameaça do grupo terrorista Estado Islâmico K, conhecido também na sigla “Isis-K”, coloca a missão em risco.
“Estamos com risco agudo e crescente de um ataque por um grupo terrorista conhecido como Isis-K. Todos os dias que estamos no solo afegão é outro dia em que sabemos que o Isis-K está tentando atingir o aeroporto e atacar tanto as forças dos Estados Unidos quanto as aliadas e civis inocentes”, disse Biden.
O grupo, nascido após a morte de Osama bin Laden, quando Biden foi vice-presidente de Barack Obama, não é o mesmo que ganhou fama com ações em outras nações no Oriente Médio, mas também não é necessariamente um aliado do Talibã, que assumiu o controle do Afeganistão após a retirada americana.
Isis-K é um grupo autointitulado terrorista que surgiu pela primeira vez na região chamada Khorasan (entre o Afeganistão e Paquistão), em 2015.
A facção foi inspirada no Estado Islâmico no Iraque e no Levante, conhecido pela sigla Isis, criado em 2013. Ela foi criada após morte de Osama Bin Laden, ex-líder da Al-Qaeda, em 2011.
Desde que o Isis foi criado, surgiram diversos grupos ora inspirados nele, ora que jurassem lealdade a ele. O Isis-K foi um desses: jurou lealdade mesmo que não fosse controlado pela organização.
Já o movimento que posteriormente viraria o Talibã surgiu no fim dos anos 1970, no contexto de resistência do Afeganistão contra a invasão da União Soviética (URSS), com ajuda dos Estados Unidos. A URSS foi derrotada e o Afeganistão observou o surgimento de diversas correntes religiosas.
O Talibã foi oficializado como grupo em 1994. Dois anos depois, em 1996, o grupo tomou a capital Cabul pela primeira vez e se tornou o governo do país, reprimindo duramente os afegãos.
Assim como o Talibã, o Isis-K também pertence ao chamado “Islã radical sunita”. Porém, as organizações disputam o mesmo espaço no Oriente Médio.
As diferenças entre o Isis-K e o Talibã também estão nos ideais e governabilidade.
Enquanto o Talibã tem uma ideologia nacional (querem governar o Afeganistão, não querem inimigos externos e nunca quiseram provocar outros países. São um movimento nacional para governar o país), o Estado Islâmico-K é “multinacionalista” e tenta converter muçulmanos ao redor do mundo para vingar o que consideram uma “dominação judaico-cristã”.
Já o Isis-K, por ser multinacionalista, querem atuar em todos os países que hajam muçulmanos. Eles recrutam muçulmanos no mundo todo para desestabilizar quem não segue a visão do islã.
A rivalidade também se estende na questão do recrutamento e também nas doações de dinheiro por parte de apoiadores dos movimentos. O recrutamento para a facção acontece desde cedo em escolas religiosas e mesquitas. Os dois grupos competem em influência em áreas que controlam.