Ao contrário de outras Nações Ocidentais, que atualmente estão lutando para evacuar seus cidadãos e funcionários da embaixada afegã em meio à caótica tomada do Afeganistão pelo Talibã, a França iniciou suas evacuações em maio. Foi então que o governo francês colocou em prática uma complexa operação para evacuar os afegãos que trabalharam para suas instalações diplomáticas, bem como suas famílias. Acredita-se que cerca de 600 afegãos foram evacuados em maio, com várias dezenas de evacuações seguidas em junho e julho.
O governo francês está sendo elogiado por todos os lados por seu “planejamento antecipatório”. Em maio, no entanto, houve muito mais críticas do que elogios. Em 5 de julho, em uma entrevista à televisão estatal francesa France24, Etienne Gille, diretor da instituição de caridade francesa Amité Franco-Afegão, ridicularizou as evacuações dos afegãos pelo governo francês como “prematuras”, dizendo que prejudicariam o trabalho de ajuda no terreno. Em maio, um diplomata alemão, que falou anonimamente ao jornal britânico Monde, criticou a França por sua decisão de evacuar os afegãos, e disse que a Alemanha não deixaria o Afeganistão, mas investiria 400 milhões de euros para fortalecer a sociedade civil lá.
Por que a resposta francesa foi tão diferente da de outras nações ocidentais? O ex-embaixador britânico na França, Lorde Peter Ricketts, ofereceu uma explicação. Ele disse ao jornal britânico The Telegraph que a principal razão por trás do planejamento antecipatório da França era sua distância dos Estados Unidos. A Grã-Bretanha, que tem “laços mais fortes com Washington” em comparação com a França, baseou-se em grande parte nas avaliações da Casa Branca sobre a situação no Afeganistão. A França, por outro lado, mantém uma “distância relativa” dos Estados Unidos e, assim, foi capaz de “agir rapidamente em suas próprias conclusões”, disse Lord Peter. Ele acrescentou que Paris “apenas continuou sem sentir a necessidade de coordenar estreitamente com os EUA”.
Falando recentemente sobre a decisão da França de avançar com as evacuações em maio, o ministro das Relações Exteriores do país, Jean-Yves Le Drian, disse: “A França não esquece aqueles que trabalharam para nós”. O governo francês ainda está evacuando alguns de seus diplomatas, bem como afegãos, mas a maior parte das evacuações foram concluídas.
